BÚZIOS - RIO DE JANEIRO
Dia 23 de Julho, o Cine Bardot foi palco para a Avant-première do longa-metragem brasileiro “À DERIVA”, de autoria do diretor Heitor Dhalia. Rodado em Búzios, foi o único filme brasileiro a concorrer na mostra paralela do Festival de Cinema de Cannes recentemente, onde o público aplaudiu de pé por cinco minutos após a exibição.
O cineasta Mário José, proprietário do Cine Bardot, idealizador do Festival de Cinema de Búzios e apoiador desta Avant-première, acredita que esta é uma bela oportunidade para Búzios ser destaque nas telas de cinema. “Búzios já é palco para um dos mais importantes Festivais de Cinema do Brasil. Com a filmagem do “À DERIVA”, a cidade litorânea, antiga aldeia de pescadores, torna-se mais uma vez, vitrine para o mundo através das suas belas paisagens”. Mário ressalta ainda “que o diretor Heitor Dhalia fez questão de fazer a Avant-première aqui com o objetivo de valorizar a comunidade local”.
Em Cannes, Heitor afirmou se sentir honrado pelo fato do filme estar sendo exibido lá e dedicou a sessão à atriz Laura Neiva, a Filipa do filme, em seu primeiro papel no cinema. Dhalia contou que o filme teve a possibilidade de integrar a mostra competitiva em Cannes, mas acabou prevalecendo o que os organizadores sinalizaram: a mostra "Um Certo Olhar". "Essa seleção foi a melhor de muitos anos, só com grandes nomes", disse ele. "Foi um ano muito disputado, para se ter uma idéia até o "Tetro", de Francis Coppola, foi recusado."
O FILME
"À Deriva" conta a história de Filipa (Laura Neiva), uma adolescente de 14 anos em férias de verão com a família em uma praia, que faz o rito de passagem para a idade adulta em meio às descobertas do amor com a turma de amigos e a separação iminente dos pais, o escritor Mathias (Cassel) e a professora Clarice (Debora Bloch). Dhalia constroi um retrato sensível e delicado da adolescência, ancorado por uma fotografia que dá um tom de memória e nostalgia, como se a história fosse contada por uma Filipa já mais velha, muitos anos depois, mas sem apelar ao recurso fácil do flashback. Cassel domina bem o português, mas é Debora Bloch quem rouba a cena, construindo com sutileza uma mulher fragilizada pela crise no casamento, capaz de um grande gesto de força ao final. O parceiro e produtor Fernando Meirelles - sócio da O2 Filmes, uma das produtoras do filme -, disse que o longa já deve ter feito derramar uns cinco litros de lágrimas pela sua sensibilidade, mesmo tendo sido mostrado para tão pouca gente. As mulheres, especialmente, não conseguem resistir. Tudo é sensível em 'À Deriva', mas a Debora Bloch está acachapante".
Dhalia disse que procurava uma história de praia, algo que não tem traços autobiográfico mas é "fortemente pessoal". A trama da garota de 14 anos que descobre que seu pai tem uma amante "parece uma história leve, mas é muito mais profundo do que parece. Fala de família, que é o grande tema universal e esse é um tópico delicado para todo mundo", nas palavras do diretor. Sobre a presença de Cassel, Dhalia confessa que estava com dificuldade de achar um bom ator na faixa dos 40. “Então, como é uma co-produção da O2 com a Focus, achamos que alguém de fora poderia ser interessante. Um dia, durante o carnaval, eu tinha trabalhado muito e resolvi parar para ver TV. A emissora mostrou um desses camarotes da avenida e apareceu o Vincent Cassel com a Mônica Belucci. Ele deu a entrevista em Português. Aí me deu um click na hora: É ele".
Laura Neiva, a Filipa do filme, mostra segurança em seu primeiro papel no cinema e sua boa atuação deve render convites para novos trabalhos. A Filipa dos sonhos de Dhalia, Laura Neiva, foi encontrada na internet, no site de relacionamentos Orkut. Ana Luísa, assistente de casting da produção, entrou em contato com a menina por meio da ferramenta de recados na página do perfil dela. "No início, eu achei que era brincadeira e nem dei bola", contou Laura,"mas depois, ela insistiu e eu acabei falando com os meus pais. Essa foi a parte mais difícil."
“À Deriva", que traz no elenco duas estrelas internacionais, o francês Vincent Cassel (Senhores do Crime) e a americana Camilla Belle (10.000 A.C.), é o primeiro de cinco longas-metragens previstos num contrato de co-produção entre a O2 Filmes e a Focus Filmes (braço independente da major Universal Filmes). No elenco conta ainda com Déborah Bloch, Taís Araújo e Cauã Reymond. A exibição do filme foi fechado exclusivamente para convidados e contou com a presença de jornalistas, convidados, atores e diretores. Após a exibição, um coquetel com Freixenet, patrocinado pela PREEBOOR.
Fotos: Marcelo Dutra -
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