EM HOMENAGEM A ESTES BRAVOS HOMENS QUE DE MADRUGADA JOGAM SUAS REDES EXIBO A FOTO DE MEU AMIGO ARTUR QUE QUANDO ABRE A JANELA DA SALA AVISTA UM CARTÃO POSTAL NATURAL, O BELISSÍMO RIO SÃO JOÃO E GOSTA DE PESCAR, EXIBE UM ROBALO, ACREDITE, PESCADO COM ANZOL.
CONTOU-ME QUE HÁ MAIS DE CINCO ANOS ISSO NÃO ACONTECIA E, EVIDENTEMENTE, DEVE TER SIDO OCASIONADO PELAS FORTES CHUVAS E O ENCONTRO DO MAR COM O RIO ALI TÃO PRÓXIMOS.
VIDA DE PESCADOR
Não há quem não inveje a tranqüilidade de uma colônia de pesca, sua proximidade com o mar, um paraíso longe da turbulência da cidade grande. Mas a realidade é bem outra. O contato direto com a natureza é quase sempre extenuante, a tranqüilidade é apenas aparente e, de perto, mal dá para esconder a vida dura, incerta e perigosa dos pescadores artesanais. Assolados pela situação econômica do País, pela destruição dos manguezais e, principalmente, pela pesca predatória, esses pescadores estão à beira do desaparecimento.
Sobrevivência
A pesca artesanal caracteriza-se, fundamentalmente, por usar redes adequadas para cada espécie, sempre respeitando a época do defeso (quando a pesca é proibida na época da desova e indivíduos jovens estão na fase de crescimento), garantindo a sobrevivência dos pescadores e das espécies marinhas. Essa relação de respeito mútuo, no entanto, vem sendo violada de forma sistemática e crescente há alguns anos, em todo o mundo.
Sobrevivência é hoje a palavra de ordem em todas as comunidades de pescadores. Se a pesca não está dando para sustentar a família, o jeito é virar caseiro de veranista, ir para a cidade, empregar-se numa traineira ou, pior ainda, engrossar o número cada vez maior de desempregados.
Até uns 15 anos atrás, garantem os pescadores, um dia de trabalho podia render cerca de 300 quilos, dentro do estuário. Agora eles têm que ir para alto mar e nem assim chegam à metade disso numa semana inteira. A culpa, atestam o pescador artesanal e os pesquisadores, é da pesca predatória, da poluição dos estuários, da destruição dos mangues e, principalmente, da falta de uma política e gestão por parte das autoridades do setor.
Pescador artesanalVida de pescador artesanal definitivamente não é fácil: a rotina é exaustiva e arriscada. Antes mesmo do sol nascer, muitos já pegaram suas canoas para se aventurarem em alto mar, mas a hora da volta é uma incógnita a cada dia. Enquanto os barcos industriais utilizam sonares, os pescadores artesanais seguem a sua intuição e a experiência de uma vida para achar o cardume, para então jogar a rede. As malhas sempre seguem as medidas de 70, 80 milímetros ou mais de diâmetro, de forma a só pegar peixes adultos, ao contrário da rede de malha fina, usada pela pesca de arrasto.
Ao chegar ao local escolhido, começa a cansativa tarefa de jogar uma rede de mais de mil metros de comprimento, mantendo-a afastada da canoa, com o auxílio de um bastão. Depois de estendida a rede, o barco dá uma volta e o pescador começa a jogar a poita, um chumbo de mais ou menos dois quilos, atado a uma longa corda, para ancorar a rede. Essa rotina é feita quase que constantemente, durante todo o dia, e há vezes em que uma redada não produz nada. Ao final, o produto diário nem sempre é suficiente para pagar sequer o óleo gasto.
A diferença de preço entre o custo do material, o valor pago pela peixaria ao produtor e o preço pelo qual este é vendido no mercado é mais uma realidade a amargar a vida dos pescadores. Uma rede de malha, com 150 metros de comprimento e malha de 100 milímetros, custa por volta de 1000 reais, quantia que a maioria dos pescadores leva aproximadamente de 3 a 4 meses para conseguir, e uma canoa motorizada não sai por menos de 5000 reais.
fonte:
www.pime.org.br