A festa é infantil, mas a bebida é de adulto. Não raro, a relação da criança com o álcool se dá muito cedo, num ambiente que inclusive pode ser a própria festa de aniversário.
Assim, entre uma confraternização e outra, ela vai associando a alegria dos pais à bebida. Dessa forma, o exemplo paterno, a facilidade de acesso e a curiosidade têm contribuído para aproximar o jovem do álcool cada vez mais cedo e com maior intensidade. O alcoolismo entre adolescentes foi um dos debates centrais de ontem no Criança 2010 – 3.º Congresso de Especialidades Pediátricas, realizado em Curitiba pelo Hospital Pequeno Príncipe.
Hoje as festas infantis têm mais bebidas alcoólicas do que refrigerante porque os adultos bebem mais e os pais acabam fazendo a comemoração mais para os próprios amigos do que para os amigos dos filhos. “O adulto foge do universo da criança quando na verdade deveria entrar nele”, observa a presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, Darci Vieira da Silva Bonetto. Pediatra há 25 anos, a médica explica que a criança começa a observar o comportamento dos pais desde muito cedo e com isso percebe que situações de alegria e prazer estão relacionadas ao consumo de álcool.Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Paulo César Pinho Ribeiro diz que a preocupação dos pais com o álcool deve ser igual à preocupação com qualquer outra droga. O álcool tem efeito lento e cumulativo no organismo, além de ser porta de entrada para outras substâncias psicoativas, adverte o pediatra. Para ele, cabe maior responsabilidade à família. Os pais têm de impor limites, pois a liberalidade paterna leva a criança a beber cada vez mais cedo, com 9 ou 10 anos, como revelam algumas pesquisas.Os reflexos da falta de limites também podem ser vistos perto de instituições de ensino, que têm servido de ponto de referência para abertura de bares e estímulo ao consumo. Ali se aprende a beber em binge, termo técnico para definir o consumo de várias doses de uma só vez. Beber em excesso num curto período causa mais problemas sociais e de saúde do que o uso contínuo da bebida. Porres eventuais são comuns em churrascos da faculdade, em confraternizações nos bares ou nas casas noturnas que estipulam um valor de consumação mínima. Para não perder dinheiro, o jovem consome até o último centavo. Ou até cair.Para Ribeiro, o jovem é um reflexo da atual sociedade analgésica, que não sabe lidar com o desprazer, que não se permite errar ou sentir dor. Antes as namoradas freavam os rapazes, lembra o pediatra, mas agora elas bebem tanto quanto eles. A bebida interfere no comportamento normal dos jovens, afasta-os da família e dos colegas, dificulta a socialização. Entre os efeitos imediatos nos adolescentes, causa déficit cognitivo.A pediatra Darci Bonetto elenca sete fatores que favorecem o alcoolismo entre os jovens: 1) facilidade de acesso a bebidas; 2) curiosidade inerente à idade; 3) interação no grupo, pois se todo mundo bebe, também tenho de beber; 4) falta de limites dentro de casa; 5) falta de diálogo dentro de casa; 6) modelo parental, pois não basta o pai proibir o filho de consumir álcool se ele consome em demasia; 7) a genética, pois há jovens com maior sensibilidade ao álcool do que outros (os mais resistentes vão aumentando gradualmente o consumo e, assim, estão mais suscetíveis ao vício).ECAO Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos. Vender, fornecer de graça ou entregar de qualquer forma bebida que possa causar a dependência de uma criança ou adolescente dá multa e pena de 2 a 4 anos de prisão.--
Equipe A.R.C.A.Capacitação, Prevenção, Palestras, Capacitação, Tratamentoe Acompanhamento Terapeutico em Dependência Química - 12 passos
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